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Mostrando postagens de fevereiro, 2016

O Quarto de Jack | Crítica

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Um garotinho de cabelos lisos e longos acorda ao lado de sua mãe no dia em que completa 5 anos e, como faz todos os dias, cumprimenta cada móvel e objeto que compõem seu Quarto: "Bom dia, cama. Bom dia, pia. Bom dia, armário. Bom dia, claraboia..." Depois de escovar os dentes e de tomar o café da manhã, sua mãe lhe diz que eles farão um bolo de aniversário, para comemorar a data especial. As horas se passam, e nem o menino ou sua mãe fazem menção de deixar o Quarto, um lugar apertado, cuja única fonte de luz natural vem de uma claraboia no teto. É ali que eles brincam, fazem exercícios, assistem TV. É ali que eles dormem. E é ali que, tarde da noite, o garotinho pega no sono dentro do armário, e um homem entra no Quarto. O Quarto é grafado assim, com letra maiúscula, porque aquele é o único lugar que Jack, o menininho, conhece na vida. Para Jack, sua mãe é simplesmente Mãe, assim mesmo, sem nome próprio, apenas a função afetiva que ela exerce sobre a criança. Os dois est

Love | Série original da Netflix é realista e sensível na medida certa

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Quem conhece os filmes de Judd Apatow ( Ligeiramente Grávidos, Bem-Vindo aos 40 ) sabe que o cineasta e roteirista não é um artista de respostas fáceis e finais previsíveis. Sabe também que seus filmes sempre trazem romantismo sem deixar de considerar seus personagens como simples seres humanos, cheios de falhas e camadas de personalidade incrivelmente complexas. Quando Apatow se uniu à Netflix para criar uma série - com Paul Rust e Lesley Arfin -, uma comédia romântica moderna, esperava-se que todas aquelas nuances e características presentes em seu trabalho no cinema pudessem ser ainda mais ampliadas na realidade sem censura do serviço de streaming mais famoso do mundo. A espera valeu a pena. Love  é divertida, engraçada, agridoce, sensível, tensa e repleta de subtextos e detalhes que podem passar despercebidos na primeira vez que se vê. É uma série sem amarras, que discute as relações humanas da maneira mais realista possível, cujos personagens são gente como a gente, nem tão f

Steve Jobs | Crítica

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Retratar o mítico fundador da Apple no cinema não tem sido muito compensador. Piratas do Vale do Silício (1999) e Jobs (2013) foram fracassos monumentais e tampouco funcionavam como obras cinematográficas. Mas quando surgiram as primeiras imagens e trailers de Steve Jobs (EUA, 2015), o terceiro filme a ter como inspiração a vida de um dos grandes gênios da tecnologia e da inovação do nosso tempo, quase todo mundo acreditou na possibilidade de que finalmente teríamos uma produção digna da complexidade e do nome Jobs. O filme é dirigido por Danny Boyle ( Quem Quer Ser um Milionário , Trainspotting ) e escrito por Aaron Sorkin (roteirista de A Rede Social e criador da série The Newsroom ), e somente com estes nomes por trás das câmeras as pessoas começaram a prestar mais atenção. As expectativas dos estúdios envolvidos (Sony e Universal) eram altas, mas mesmo com um ótimo filme nas mãos, tendo recebido excelentes críticas, Steve Jobs fracassou nas bilheterias. Com um orçamento

A 5ª Onda | Crítica

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Não é fácil assistir A 5ª Onda (The 5th Wave, EUA, 2016). Os rombos no roteiro, os acontecimentos inexplicáveis e os diálogos que nunca saem do lugar-comum fazem da experiência de sentar em uma poltrona de cinema e acompanhar essa trama até o fim algo excruciante. Olha que o começo do filme até dá alguma esperança: Cassie (Chloë Grace Moretz) aparece armada, apreensiva, dentro de um mercadinho abandonado, à procura de mantimentos, no melhor estilo The Walking Dead . (Em cenas desse tipo, é estranho como as pessoas encontram garrafas d'água e comida dando mole; sempre há uma ou duas garrafas ou latas de atum que alguém aparentemente deixou para trás.) Por meio desse cenário desolador, já sabemos que estamos em um mundo pós-apocalíptico, no qual a lei é cada um por si. Dentro do mercado, escondido em um depósito, há um homem, que logo é confrontado por Cassie, e acaba sendo morto por ela. O mundo realmente mudou. Em seguida, vemos em flashback que as coisas estão feias por causa

O Bom Dinossauro | Crítica

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Tudo o que se podia falar sobre a excelência - criativa e técnica - da Pixar já foi dito. O estúdio de animação é um oásis imaginativo: em meio a um mundo sem graça de refilmagens, reboots e adaptações, a Pixar segue desenvolvendo novas ideias e apresentando novos personagens e histórias para o público. E 2015 foi um ano marcante para o estúdio: depois de lançar a obra-prima Divertida Mente , ainda houve tempo para a chegada de O Bom Dinossauro , que traz várias das características tão conhecidas por nós, e consegue emocionar, mesmo não contando uma história complexa. Se Divertida Mente  parecia ser mais direcionado aos adultos e bem incompreensível para o público infantil, O Bom Dinossauro  é um presente para os pequenos; o filme é totalmente acessível para eles, que podem não só apreciar todo o colorido vibrante dos cenários e personagens, como também entender toda a trama e, com as últimas cenas, derramar uma ou outra lágrima. Mas que ninguém pense que só as crianças vão desfru