Quarto de Guerra | Conheça o filme cristão que virou fenômeno de bilheteria

Já há alguns anos que não é novidade ver um filme voltado para o público cristão causar algum burburinho no mundo do cinema, atraindo grande público e gerando muita publicidade boca a boca, aquela que não depende de altos investimentos dos produtores para que o filme seja conhecido, mas é gerada simplesmente porque as pessoas gostam tanto da obra que a recomendam fortemente para outras pessoas, o que ajuda a engrossar os números das bilheterias. Muitas vezes, entretanto, as expectativas do público acabam frustradas, como aconteceu com Deus Não Está Morto, que era muito, mas muito ruim. Felizmente, isso não acontece com Quarto de Guerra (War Room, EUA, 2015). O filme de Alex Kendrick (Corajosos, À Prova de Fogo) é um alento em meio a tantas outras produções sem qualidade voltadas para os cristãos, que não podem nem ser classificadas como cinema, tamanha sua ausência de qualquer coisa que lembre o conceito de arte.
Verdade seja dita, Quarto de Guerra não é filme para qualquer um. Quem não é cristão, ou não acredita em coisas como oração e milagres, com certeza não irá apreciar passar duas horas ouvindo diálogos constantes sobre o tema. Por outro lado, é possível que o filme toque o coração até destes, tamanha a entrega do elenco em cena. Há mistérios que só Deus conhece, afinal de contas.
Se a trama apresentada não traz nenhum segredo ou inovação narrativa, cada atriz e ator tem um diferencial que colabora muito para a sensação de veracidade das cenas: todos ali são cristãos e creem em cada palavra dita. Não há um ator famoso no elenco - como Nicolas Cage, em O Apocalipse, ou Mira Sorvino em Você Acredita? - para atrair o público, e mesmo assim Quarto de Guerra atraiu uma multidão: já na segunda semana em cartaz nos Estados Unidos, o filme desbancou Straight Outta Compton: A História do N.W.A do topo das bilheterias, e conseguiu arrecadar mais de 63 milhões de dólares por lá, tendo custado somente 3 milhões de dólares.
O fenômeno se repete no Brasil. Tendo sido lançado em apenas 46 salas em 3 de dezembro, a média de público - proporcionalmente falando - só foi menor que o blockbuster Jogos Vorazes: A Esperança - O Final, que estava quase onipresente nos cinemas brasileiros. Com isso, a distribuidora ampliou o circuito exibidor, e Quarto de Guerra já alcançou mais de 200 mil pessoas, com salas cheias e igrejas inteiras ocupando os cinemas e fazendo de cada sessão um verdadeiro culto.
Minha experiência na sessão em que vi o filme foi única. Em tantos anos que frequento e amo os cinemas, nunca tinha presenciado o público aplaudir um filme quando os créditos finais aparecem. A cada cena, a cada novo acontecimento na vida da família protagonista, as pessoas reagiam como quem assiste a própria vida passar na tela, rindo, chorando, gritando, celebrando. Isso, com certeza, não acontece todos os dias. Minhas reações ao filme também não foram nada comuns. Tudo bem que eu sou um tremendo chorão, mas não me lembro de ter chorado e me emocionado tanto com um filme como o fiz com Quarto de Guerra. Não que isso seja atestado de qualidade, é claro, mas é fato notável que uma obra cinematográfica seja tão facilmente identificável com seu público que cause respostas tão fortes e sensações tão pessoais.
Essa identificação vem de uma história simples mas que parece estar sendo contada numa roda de amigos muito próximos, que compartilham suas lutas e vitórias diárias, bem como suas derrotas e quedas. O filme conta a história da família Jordan: um casal e uma filha que vivem uma grave crise interna, mas que encontram na sábia Miss Clara (Karen Abercrombie) o apoio que precisam para superar todos os problemas e entregarem toda sua confiança a Deus. É através da amizade de Miss Clara com Elizabeth Jordan (Priscilla Shirer) e seus ensinamentos sobre oração que a família reencontra o amor e a unidade que tanto precisavam.
Como eu disse, não há nada de novo em Quarto de Guerra. Mas o humor que permeia todas as duas horas de projeção e a forte identificação com seu público faz com que o filme seja inspirador e tremendamente tocante. Um filme cristão que não mostra cristãos bitolados, ainda que comprometidos com sua fé, é o que faz a diferença, tanto no mercado cinematográfico quanto nas vidas que o assistem.

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