O Regresso | Crítica
O Regresso (The Revenant, EUA, 2015) conta uma história - real - que é um marco americano: a história de Hugh Glass, um montanhista do início do século 19 que sobrevive ao ataque de um urso pardo - matando o animal - mas ferido gravemente, é abandonado por seus companheiros em meio a um inverno rigoroso nas proximidades do rio Missouri para morrer e, depois de retornar à civilização, busca vingança contra os que o deixaram sozinho.
Se o resumo de um parágrafo faz parecer que O Regresso é um filme raso, essa sensação se desfaz quando mergulhamos na realização sofisticada e cruel do diretor Alejandro G. Iñárritu (Birdman, Babel). Todas as adversidades vividas pelo personagem encarnado por Leonardo DiCaprio são tão bem retratadas em cena que é quase possível sentir a pele sendo dilacerada pelas garras do urso, ou o sabor amargo do sangue do fígado cru de um bisão, que o personagem devora para aplacar sua fome. (O astro realmente comeu o fígado cru de um bisão, mesmo sendo vegetariano.)

É claro que todo esse apuro técnico seria em vão, não fosse a entrega do elenco. DiCaprio, que pode - e merece - finalmente ganhar seu Oscar, tem a atuação mais espetacular da carreira, no papel de um homem que não tem mais nada a perder e nada a fazer além de se vingar dos que lhe tiraram tudo; Tom Hardy, como seu algoz Fitzgerald, fala um inglês incompreensível até para falantes nativos, incorporando com maestria o modo de se expressar típico dos homens daquela região; Will Coulter, como o jovem Jim Bridger, talvez seja uma vírgula em meio a um elenco tão bom, ao fazer quase sempre o mesmo papel, o do garoto que nunca sabe como agir, sempre fazendo cara de bobo; e Domhnall Gleeson, como o Capitão Henry, é o perfeito homem honrado, que busca sempre fazer a coisa certa.
O Regresso impressiona. É notável que ainda tenhamos filmes assim, com tamanha dedicação e desejo de fazer cinema puro, por vezes grotesco e violento, mas que causa impacto duradouro na audiência e na história da Sétima Arte.

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