Clássicos Modernos #8: Paris, Texas (1984)

Um dos maiores filmes dos anos 1980, Paris, Texas (1984, Alemanha/França/Reino Unido/EUA) é um verdadeiro tesouro cinematográfico. Com esta obra e Asas do Desejo, o cineasta Wim Wenders registrou seu nome entre os grandes diretores de todos os tempos, ao lado de Ingmar Bergman, Federico Fellini, Charles Chaplin e Francis Ford Coppola, entre outros. Com um início intrigante e um final tocante sem jamais ser piegas, Paris, Texas deixa marcas em todos os que sabem apreciar bom cinema.
Quem é aquele homem magro e pálido caminhando em pleno deserto Mojave, nas conhecidas planícies do Texas? Sem memória e sem falar nada, ficamos sabendo que o homem é Travis (Harry Dean Stanton), alguém que já teve família, com esposa e filho, mas agora vaga sozinho e silencioso pelos lugares mais isolados do país. A figura misteriosa e de passado nebuloso acaba sendo encontrado por seu irmão, Walt (Dean Stockwell), que juntamente com a esposa Anne (Aurore Clément) assumiu a tarefa de criar seu filho, Hunter (Hunter Carson). Os dois têm feito isso há 4 anos, desde que ambos os pais do menino simplesmente desapareceram, após circunstâncias só explicadas ao final do filme. Agora, depois de reunido com o filho, Travis precisa reaprender a conviver com sua família e ainda fazer as pazes com seu passado, algo que só acontecerá quando ele reencontrar sua esposa, Jane (a exuberante Nastassja Kinski). A cena em que Travis relata sua jornada recém-lembrada à esposa é um daqueles momentos sublimes do cinema moderno: antológica e carregada de significado. Brilhante.
Paris, Texas é um filme de reencontros e despedidas. Wim Wenders, em perfeita sintonia com o roteiro de Sam Shepard (Bloodline), tem a habilidade de criar uma obra que exala emoções genuínas, sem agredir a tela com atuações exageradas e fora de tom. Aliás, o filme está longe de ser exagerado. O ritmo é lento e tranquilo, o que ajuda na criação do clima de reaproximação com a vida, vivido por Travis. A trilha sonora, composta por Ry Cooder é perfeita neste sentido: climático e provocativo, o som da slide guitar do compositor forma a última peça do quebra-cabeça de um filme perfeito.

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