Homem-Formiga | Crítica

No cinema, como nos quadrinhos, a Marvel chegou a um ponto em que não tem mais nada a provar. Conseguiu emplacar personagens completamente desconhecidos, como em Guardiões da Galáxia, e superou a barreira do bilhão de dólares nas bilheterias um bocado de vezes. Mas em um mercado tão competitivo como é o cinema comercial, é preciso saber se manter no topo. Em 2015, o estúdio conseguiu êxito de bilheteria na sequência Os Vingadores: A Era de Ultron, mas é com Homem-Formiga que a Casa das Ideias alcança o perfeito equilíbrio entre sucesso de público e aceitação junto à crítica.
O personagem é de suma importância nos quadrinhos, pois fez parte da formação original dos Vingadores e tem sido elemento fundamental em várias histórias da editora ao longo dos anos, como Os Supremos, que é uma releitura dos "Heróis mais poderosos da Terra". Ainda assim, o herói nunca emplacou um título-solo por muito tempo, tendo suas séries constantemente canceladas por causa das baixas vendas. Nada disso desencorajou o Marvel Studios na empreitada de realizar um filme especialmente para ele.
O resultado, ainda bem, é animador. Homem-Formiga é divertido, engraçado e tem ação na medida certa, sem jamais tentar subestimar o público ou reduzir a trama a uma série de explosões desnecessárias. Scott Lang (Paul Rudd) é um ladrão "do bem", cujo crime foi o de invadir o sistema bancário de uma megacorporação e distribuir sua grana a vítimas da ganância de capitalistas malvados. Fora da prisão, ele precisa recuperar a confiança da ex-esposa para voltar a ter o direito de visitar sua filhinha, que o tem como herói. Tudo o que ele consegue, entretanto, é um sofá na casa do melhor amigo, Luís (Michael Peña), seu parceiro em projetos criminosos do passado. Para resumir tudo, basta dizer que Scott é recrutado por Hank Pym (Michael Douglas) - um cientista brilhante que inventou um traje capaz de miniaturizar quem o vestir -, para invadir sua antiga companhia e impedir que uma versão mais moderna do traje seja comercializado como uma arma por seu antigo pupilo, Darren Cross (Corey Stoll).
Com roteiro escrito por Edgar Wright (Todo Mundo Quase Morto e Chumbo Grosso) e Joe Cornish (Ataque ao Prédio), e adaptado por Adam McKay e Paul Rudd para se integrar ao Universo Cinemático Marvel, Homem-Formiga é um filme de assalto que aproveita elementos narrativos do gênero super-heróis para criar uma atmosfera bem diferente, em se tratando de personagens com super-poderes. O bromance característico das comédias com Paul Rudd (e também nos filmes-homenagem do próprio Edgar Wright, como Heróis de Ressaca) é uma das coisas mais legais do filme, que não deixa de lado toda a realidade do universo em que está inserido: as referências aos eventos de A Era de Ultron estão todas lá, bem como a cena pós-créditos que interliga o filme com o futuro Capitão América: Guerra Civil. Há momentos excelentes, como a sequência que mostra o treinamento de Scott para usar o traje, ou a cena em que o herói se reduz ao nível subatômico. Há ainda o achado que é o personagem de Michael Peña, como o alívio cômico do filme: Luís é hilário e rende muitas gargalhadas no cinema.
Homem-Formiga é uma aposta arriscada da Marvel, que entra em sua terceira fase com o objetivo de se manter no topo do Olimpo do cinema, sem abrir mão de roteiros de qualidade e atraentes a público e crítica.

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