Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros | Crítica

Não é tarefa fácil dar prosseguimento a uma série querida por milhões de pessoas em todo o mundo, ainda mais se o cara que originou tanto afeto foi Steven Spielberg. Mas se tem uma coisa que se pode falar sobre Spielberg, é que o cineasta é generoso. Não é a primeira vez que ele lança um novo diretor, basta lembrarmos de Robert Zemeckis e Joe Johnston, ambos cineastas que tiveram seus primeiros filmes apadrinhados pelo mestre. Em Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros (Jurassic World, EUA, 2015), o afilhado da vez é Colin Trevorrow, que já mostrou seu talento como diretor independente em Sem Segurança Nenhuma, de 2012, mas aqui ganha a chance de estar pela primeira vez como responsável por um genuíno blockbuster.
Concebido como uma forma de apresentar a franquia bilionária a uma nova geração de possíveis fãs, Jurassic World acerta ao equilibrar homenagens ao filme original de 1992 com ideias e personagens novos. A grande diferença em relação às tramas anteriores é o simples fato que, desta vez, o parque concebido por John Hammond já está aberto, funcionando há anos, e com um público que não para de crescer. A Ilha Nublar recebe 20 mil visitantes por dia, e está apinhada de resorts, atrações aquáticas, restaurantes e lojinhas de presentes, além, é claro de centenas de dinossauros desfilando e sendo admirados. Gerenciado por Claire (Bryce Dallas Howard), uma executiva ambiciosa e determinada a renovar o interesse pelo lugar, o parque desenvolve uma nova espécie, chamado de Indominus Rex, resultado de uma mistura de DNAs de diversas outras criaturas, cuja composição total é mantida em segredo. Acontece que o bicho tem 15 metros de altura, deixando o T-Rex muito para trás em termos de perigo e astúcia. Não é difícil prever o que vai acontecer, afinal de contas, três outros filmes já mostraram que algo sempre vai dar errado.
Um elemento interessante (e importante) da trama é a presença de Owen (Chris Pratt, cada vez mais astro), um especialista em velociraptores, que desenvolveu técnicas para adestrar os animais. Ele aproveita o fato de serem todos fêmeas para se colocar como seu alfa, impondo-lhes respeito e certa obediência.
Todas as peças consagradas em Jurassic Park estão neste quarto filme: a executiva ambiciosa, o caçador sábio, as crianças perdidas e o militar insano, disposto a transformar os dinossauros em armas de guerra. Em Jurassic World ninguém consegue fugir muito dos estereótipos clichês. É claro que ninguém espera ver, em uma franquia dessas, um filme de arte. A ação explode em cena com a maestria característica das grandes produções de Hollywood. A mistura de animação em CGI com animatrônicos cria um realismo que, se não chega a causar o mesmo impacto do primeiro filme, mantém a sensação de veracidade nas reações dos atores, e em sua interação com os cenários e criaturas.
A trilha sonora, que aproveita os temas compostos por John Williams, é outro ponto forte em Jurassic World. Desta vez sob a batuta de Michael Giacchino (Up – Altas Aventuras), os tons dramáticos e aventurescos têm um equilíbrio perfeito, e mostram quem é, de fato, o herdeiro musical de Williams. Giacchino parece beber da fonte do mestre em cada novo filme, criando temas feitos para assoviar na saída do cinema.
O humor no filme é apresentado na medida certa, gerando risadas no público sem transformar a trama em uma comédia involuntária. O principal alívio cômico é Jake Johnson, que mostra sua verve humorística na série New Girl.
Por todos estes fatores, Jurassic World é diversão assegurada, respeitando a mitologia da franquia e conduzindo-a a uma nova geração.

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