O Jogo da Imitação | Crítica

Se você é daqueles que ficam enchendo a paciência do (a)  professor (a) de matemática com perguntas do tipo "Pra que serve isso?" ou afirmações como "Eu nunca vou usar isso", assistir a O Jogo da Imitação (The Imitation Game, EUA/Reino Unido, 2014) pode te fazer mudar de opinião. A matemática é a heroína principal do filme. Isso porque os aliados a usaram para ganhar a 2ª Guerra Mundial. É isso mesmo, a maior de todas as guerras não foi vencida nos campos de batalha, mas em um laboratório com meia dúzia de gênios matemáticos, criptólogos e estatísticos que, liderados por Alan Turing (Benedict Cumberbatch), quebraram o código criptografado dos nazistas, chamado de Enigma, que era usado para enviar comunicados às tropas chucrutes.
Turing é um desses heróis desconhecidos que enfrentou tudo e todos em nome de uma visão lógica, uma dessas coisas que acontece muito raramente e que tem a capacidade de mudar o mundo.
O que há de espetacular na vida de Alan Turing também há de triste e melancólico. O protagonista, vivido maravilhosamente por Benedict Cumberbatch, era um homem taciturno e metódico, que enxergava o mundo de uma maneira bem particular, como fazem os gênios. Mas no caso de Turing, o elemento complicador era o fato de que o gênio era homossexual, e foi processado como criminoso, em um tempo quando ser gay era condenável do ponto de vista penal. Forçado a fazer tratamento hormonal, um ano depois o maior herói oculto da 2ª Grande Guerra cometeu suicídio.
O filme, entretanto, coloca o drama de um homem que precisa esconder sua condição lado a lado de uma história que trata de outros segredos, estes de Estado. O Jogo da Imitação é, acima de tudo, um excelente filme de espionagem com zero glamour e muita tensão. Dirigido pelo norueguês Morten Tyldum - que já havia realizado o surpreendente Headhunters em sua terra natal -, um dos grandes filmes de 2014 tem um verdadeiro desfile de talentos britânicos, muitos deles reconhecíveis de séries de sucesso: Charles Dance (o Tywin Lannister de Game of Thrones), Matthew Goode (de The Good Wife) e Allen Leech (de Downton Abbey), além da estrela Keira Knightley (Piratas do Caribe), que vive a melhor amiga de Turing, responsável por trazê-lo à realidade de um mundo no qual ninguém deve viver sozinho.
Disponível no serviço de streaming Netflix, O Jogo da Imitação é classificado como filme "LGBT", o que pode afastar algumas pessoas. Mas há muito mais neste drama tocante do que somente uma temática pertencente a um nicho específico. O Jogo da Imitação é sobre um dos grandes heróis do século XX.

O Jogo da Imitação (2014) on IMDb

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

22 pessoas que se parecem com desenhos animados

Amazon Prime Video: vale a pena a assinatura?

Cobra Kai - Sem misericórdia, sequência de Karatê Kid é triunfo narrativo