Demolidor - Primeira parceria Marvel/Netflix funciona muito bem

Se você nunca conseguiu tirar da cabeça aquela bomba que foi o filme com Ben Affleck, esta é sua oportunidade. Demolidor, a série que é a primeira da parceria entre Marvel e Netflix, não somente é infinitamente melhor, como também é a versão definitiva do personagem. Só nos primeiros dez minutos do primeiro episódio, a sensação é de espanto e uma (boa) surpresa. O sentimento de que a Marvel finalmente acertou com um dos personagens mais obscuros de seu universo de super-heróis persiste em todos os 13 episódios disponibilizados no serviço de streaming Netflix. Demolidor é realista  - sem abrir mão da fantasia intrínseca a qualquer super-herói fantasiado -, violento e cruel. E sensacional.
A primeira temporada da série é uma história de origem, que não tem pressa sequer de nomear o protagonista até os últimos cinco minutos do último episódio; até ali, o herói era chamado de Mascarado ou Diabo de Hell's Kitchen. O desenvolvimento do Demolidor conhecido pelo leitor de quadrinhos se dá em um ritmo que, ainda que compassado, não permite haver tédio da parte do espectador.
Isso porque o ritmo de cada episódio é frenético. Há lutas muito bem filmadas, com a câmera posicionada próxima aos lutadores, e coreografadas com um realismo impressionante. Não há um só confronto, seja contra vilões consagrados, seja contra bandidos comuns, em que o Demolidor não leve uma pancada (ou várias), um corte (ou vários), uma lesão (ou muitas). Mas o realismo e a crueza das lutas não teriam o mesmo efeito na narrativa se os outros elementos da série não estivessem em seus lugares exatos.
O segredo de sucesso de uma série é ter um elenco de coadjuvantes carismáticos e interessantes, que despertem a empatia do público. Em Demolidor cada personagem tem grande impacto no andamento da narrativa, algo que já se via nos quadrinhos, especialmente na fase de Frank Miller como autor da HQ. Estão lá todos os nomes que compõem o universo do Homem Sem Medo nas páginas da Marvel: Franklin "Foggy" Nelson (Elden Henson), o sócio na firma de advocacia de Matthew Murdock (Charlie Cox), alter-ego do Demlidor; Karen Page (Deborah Ann Woll), a secretária da firma; Ben Urich (Vondie Curtis-Hall), o repórter corajoso; Wesley (Toby Leonard Moore), o leal assistente de Wilson Fisk (Vincent D'Onofrio), o Rei do Crime em pessoa.
Aliás, a atuação de Vincent D'Onofrio como Wilson Fisk é assustadora. O ator veterano consegue reproduzir todos os maneirismos do antagonista com precisão absoluta, desde o linguajar apurado até as devastadoras explosões de violência. Demolidor não seria o sucesso que é sem a presença fundamental de um vilão no sentido mais preciso da palavra.
O mesmo pode ser dito de Charlie Cox como Matthew Murdock/Demolidor. A construção de quem virá a se tornar o Homem Sem Medo é verossímil graças ao talento do ator, que, combinado com o roteiro e a ambientação de uma produção que entendeu o personagem, consegue evitar que o Rei do Crime roube a cena por completo na série. 
Demolidor é tudo o que Arrow, a série da DC Comics, gostaria de ser. Isso, é claro, sem desmerecer o ótimo programa sobre o Arqueiro Verde. Mas com Demolidor, a Marvel finalmente faz uma série sólida e empolgante, que pavimenta o caminho para os outros frutos da parceria com a Netflix. Que venham AKA Jessica Jones, Luke Cage, Punho de Ferro e Os Defensores!

Demolidor (2015– ) on IMDb

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