Caminhos da Floresta | Um musical para esquecer

Quando penso em um musical, logo me vem à mente filmes inesquecíveis como Cantando na Chuva, Chicago, Moulin Rouge e Hair. Depois de ver Caminhos da Floresta (Into the Woods, EUA, 2014), continuarei me lembrando só desses filmes. O filme de Rob Marshall (que fez Chicago) é de uma chatice impossível de medir em uma resenha. Em um musical, não tem como não se avaliar como prioridade as canções apresentadas. Em Caminhos da Floresta, elas não emocionam, não trazem nenhuma melodia para sair assoviando do cinema, nem mesmo criam nenhuma empatia do público com os personagens. São completamente opacas.
O elenco até que se esforça. Anna Kendrick como Cinderela é uma escolha inusitada, não pelo talento vocal - já demonstrado em A Escolha Perfeita - mas por ser uma atriz que não parece reunir os atributos normais de uma princesa, especialmente uma da Disney. Mas nessa escolha o estúdio acertou. Se a Disney tem feito de tudo para recolocar suas princesas no século 21, optar por uma atriz que não tenha um biotipo típico de uma nobre do cinema combina perfeitamente com outras personagens semelhantes de filmes recentes do estúdio, como Malévola e Frozen. Igualmente agradável estão Emily Blunt (Os Agentes do Destino) e James Corden (Mesmo se Nada Der Certo), como o casal de padeiros ao redor de quem gira a trama. Meryl Streep entrega novamente uma atuação excelente, mas que não justifica em nada mais uma indicação ao Oscar - como atriz coadjuvante, a 19ª de sua carreira. A bola fora no elenco é, por incrível que pareça, a presença completamente esquecível de Johnny Depp no papel do Lobo Mau. O ator aparece como uma participação especial de luxo, novamente como um personagem excêntrico e esquisito. A diferença é que, desta vez - como em O Cavaleiro Solitário - não funcionou. Talvez seja a hora de Depp voltar a fazer personagens mais comuns e menos carnavalescos.
A depender dos atores, Caminhos da Floresta teria um resultado muito melhor. Infelizmente, um elenco só não faz um filme. É preciso cativar a audiência com uma história que seja intrigante e, no caso de musicais, canções que fiquem na memória. Falando de roteiro, a trama mistura diversos contos de fadas famosos, como Cinderela, Chapeuzinho Vermelho, João e o Pé de Feijão e Rapunzel, todos estes elementos vivendo na mesma vila, e se envolvendo em aventuras quando entram na misteriosa e densa floresta que rodeia o lugar. Apesar da premissa interessante, o roteiro parece dar voltas na tal floresta, sem nunca chegar a lugar algum. É confuso e acaba se alongando demais, dando a entender que o diretor quis usar o máximo de músicas do musical da Broadway original, esquecendo que está fazendo cinema.
No final das contas, Caminhos da Floresta é um desperdício de talento em uma ideia que poderia ter dado (muito) certo.

Caminhos da Floresta (2014) on IMDb

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