Birdman (ou A Inesperada Virtude da Ignorância)

Fazia muito tempo desde que Michael Keaton protagonizava um filme. Para seu (e nosso) alívio, foi com Birdman, sob a direção de Alejandro González Inãrritu (21 Gramas, Amores Brutos, Babel). Com um elenco cheio de estrelas e um roteiro esperto e repleto de nuances, Birdman acabou se tornando uma surpresa, agradando a crítica e ganhando um mar de prêmios por onde passou - já são 123 prêmios, segundo o IMDB. A coroação de sua trajetória foi no último dia 15, quando foram anunciados os indicados ao Oscar 2015: Birdman obteve 9 indicações, incluindo Melhor Filme, Diretor e Ator.
Tanto barulho não é sem motivo. O que Gravidade fez ano passado pela ficção científica, Birdman faz com as comédias dramáticas. É um renovo, uma maneira ousada e original de contar uma história, além de ser a prova de que Iñarritu é capaz de fazer um filme seguindo uma linha narrativa diferente de seus filmes mais conhecidos.
Riggan Thomson (Michael Keaton), o ator decadente que nunca conseguiu se desvencilhar de seu personagem mais famoso, é um achado. Com o olhar de alguém desesperado por reviver a glória de tempos passados, o protagonista é um homem em busca de si mesmo, tentando recuperar o amor de sua filha (Emma Stone, indicada ao prêmio de atriz coadjuvante), ao mesmo tempo em que luta para ser novamente relevante no mundo da arte. A última vez em que conseguiu tal façanha foi há 30 anos, quando recusou-se a repetir o papel de Birdman pela quarta vez, um super-herói no melhor estilo Batman (que, aliás, Michael Keaton também viveu no cinema).
Na tentativa de ser importante de novo, ele resolve escrever, dirigir e produzir uma peça na Broadway, e o filme começa dias antes de o espetáculo de fato estrear. Vemos as pré-estreias, presenciamos os ensaios, testemunhamos os conflitos entre os atores e observamos Riggan lutar contra si próprio, em diálogos (monólogos?) com sua persona "Birdman", em momentos que lembram o duelo Gollum/Smeagol de O Senhor dos Anéis. A cena em que o ator se torna o super-herói traz efeitos especiais e até um pouco de ação, dando uma ideia do que eram os filmes estrelados por Riggan,
O toque de originalidade que colabora para criar uma sensação de vertigem no espectador é o fato de Birdman ter sido editado para parecer uma única (e enorme) cena, mas na verdade são vários planos-sequência contínuos. Algumas sequências eram realmente longas, abrangendo até 20 páginas de roteiro, exigindo uma dedicação muito maior dos atores, que tinham que ensaiar as cenas diversas vezes.
Birdman (ou A Inesperada Virtude da Ignorância) é um dos melhores filmes dentre os indicados, mas foi esquecido nos Golden Globes, o que pode indicar algo parecido no Oscar. Mas, é bom lembrar, os votantes do primeiro prêmio não são os mesmos do segundo, e tudo pode acontecer. É esperar para ver.

Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) (2014) on IMDb

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