Truque de Mestre - Nada além de fumaça e espelhos

Sucesso-surpresa do verão americano, Truque de Mestre (Now You See Me, EUA, 2013) chamou a atenção do público no trailer, que mostrava um quarteto de mágicos em Las Vegas conduzindo um ousado (e intrigante) assalto a um banco em Paris. A mistura de Onze Homens e um Segredo com filmes de mágica parecia promissora, e a semelhança, definitivamente, não é mera coincidência: basta ver o pôster, chupado do filme de Steven Soderbergh.
Em Truque de Mestre o diretor não é de grife. Trata-se de Louis Leterrier, cuja obra é marcada por filmes de ação de alto apelo comercial (O Incrível Hulk, Fúria de Titãs, e Cão de Briga) que não exigem nenhum trabalho cerebral. Exatamente por isso é que o filme de mágicos peca por tentar emular produções inteligentes do gênero, como O Grande Truque e O Ilusionista; o tiro, entretanto, sai pela culatra. As reviravoltas em profusão do filme acabam trabalhando contra. Não passam de rombos de roteiro que não convencem ninguém. Simplesmente não dá para acreditar em nada ali.
Quando se retrata um universo em particular como é o dos mágicos e ilusionistas, é preciso incorrer em alguma verossimilhança para que a história seja comprada pelo público. Imaginemos, por exemplo, que em um filme do Superman ele faça algo completamente estranho ao seu universo e à essência do personagem, como, digamos, criar um mundo só dele. É claro que ninguém vai acreditar nisso, e o filme será um fracasso. Assim acontece em Truque de Mestre. Os truques apresentados pelos personagens são inacreditáveis, literalmente, porque não fazem parte de um universo crível, que é o mínimo para tornar um filme interessante.
Porém, se a trama é repleta de furos, o elenco ainda consegue segurar as pontas, se esforçando para tirar alguma coisa boa de um filme feito para confundir a audiência, que sai do cinema dizendo que o filme é muito bom, porque é "inteligente". Ainda assim, Michael Caine não sabe o que está fazendo ali, muito menos Morgan Freeman, que ultimamente anda topando qualquer parada, mesmo. Sabendo que sua produção não tem nada de inteligente, Leterrier abusa daquelas câmeras que dão voltas de 360º ao redor dos atores, dando a impressão de se estar vendo algo digno de nota.
Com um final completamente absurdo (fechando seu festival de atentados ao cérebro humano), Truque de Mestre conseguiu fazer muito dinheiro nas bilheterias e garantiu uma sequência, que deve contar a história da organização secreta de mágicos revelada durante o filme. Mais fumaça e espelhos, e só.

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