Downton Abbey - Premiadíssima série inglesa é obrigatória

Exibida nos Estados Unidos na emissora pública PBS nas noites de domingo, Downton Abbey experimentou ainda mais sucesso que na Inglaterra, sua terra natal. A produção de época foi a grande vencedora do Emmy de 2011, sendo premiada como Melhor Minissérie, Roteiro, Atriz Coadjuvante (Maggie Smith), Fotografia e Direção. Isso e ainda o Globo de Ouro, que premiou a série em 2012 e 2013, neste último ano dando o prêmio de Atriz Coadjuvante em Série, Minissérie ou Telefilme para Maggie Smith.
Não é para menos. Downton Abbey fascina por mostrar um mundo que, mesmo estando longe do nosso, é incrivelmente identificável e maravilhoso. Basta um episódio, e o drama que mostra a convivência entre patrões e criados em uma propriedade ancestral da nobreza britânica no começo do século 20 já nos vicia de uma forma inexplicável. É sério.
A primeira cena da produção é emblemática, pois mostra em detalhes como funciona uma mansão daquele porte, com os criados se preparando desde cedo para atender nos detalhes mais minuciosos seus patrões. Com a câmera passeando pelos andares de baixo e pelos salões principais da casa, vemos as cozinheiras aprontando o café da manhã, as empregadas limpando a lareira, um dos camareiros (ou lacaios) passando ferro no jornal para que a tinta fresca não manche as mãos do patrão, tudo sob os olhares atentos do mordomo, que coordena cada ação da criadagem. De imediato, todos já estão imersos naquele universo, com toda sua pompa e expressões educadas, seus códigos morais e seus hábitos que ainda ressoam o século 19. Toda essa rotina é quebrada de imediato com a notícia do naufrágio do Titanic, e a consequente morte do herdeiro imediato de Downton Abbey, a propriedade administrada por Lorde Grantham (Hugh Bonneville). Sem seu herdeiro imediato, tem início a procura pelo próximo na linha de sucessão, que conduz a um jovem advogado sem nenhum traço de nobreza, Matthew Crawley (Dan Stevens), homem de seu tempo, com um olhar avançado para o futuro. O perfeito contraponto com Lorde Grantham, que representa os ideais e os princípios de um tempo que está acabando. A série vai se desenrolando (a 4ª temporada estreia este ano) conforme o século 20 mostra suas garras, especialmente com a chegada da 1ª Guerra Mundial, evento que trará mudanças sérias na rotina da família Grantham.
O roteiro, escrito pelo criador da série Julian Fellowes (que escreveu o roteiro de Assassinato em Gosford Park), parece ter sido lapidado, escrito e reescrito até chegar a um nível que beira à perfeição. Toda a fina ironia inglesa está presente, especialmente nas falas de Violet, a Condessa-Viúva de Grantham (Maggie Smith): aliás, esta é, de longe, a personagem mais estranhamente maravilhosa que já se viu na TV pelo menos nos últimos 20 anos. Mas Violet não é a única personagem memorável do programa. Cada um dos personagens é desenvolvido de tal forma a envolver o espectador, fazendo com que nos importemos com seus destinos. 
Downton Abbey é um trabalho primoroso, desses que marcam a história da televisão mundial. É tevê da mais alta qualidade, drama refinado capaz de nos pegar pelo colarinho e nos manter no sofá até que o último episódio chegue ao fim.

Downton Abbey (2010– ) on IMDb

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