007 - Operação Skyfall

James Bond, criação do romancista inglês Ian Fleming em 1953 e presente em inúmeros livros desde então, completou 50 anos no cinema ano passado. Para comemorar a data, foi lançado 007 - Operação Skyfall, o 23º filme da franquia, a segunda mais lucrativa da história, perdendo apenas para a série de certo bruxinho adolescente. Com tamanha longevidade e a possibilidade de inúmeros filmes, uma vez que não existe um único ciclo de histórias possíveis para o personagem, o agente do MI6 ainda terá muito o que fazer em anos vindouros. Ainda mais se depender da inacreditável bilheteria de Skyfall, que superou a marca de 1 bilhão de dólares, sendo o mais lucrativo filme de toda a franquia.
Nas mãos de Sam Mendes (Beleza Americana, Estrada Para Perdição) o personagem ainda ganhou o primeiro filme considerado autoral de toda a série. Isso porque o diretor teve uma liberdade criativa jamais experimentada por outros diretores que assinaram filmes anteriores. Mendes está longe de ser um diretor por encomenda, daqueles que se deixam levar pela vontade de produtores ansiosos por encherem ainda mais seus cofres.
Novamente vivido por Daniel Craig, Bond continua com aquele ar de realismo tão na moda depois da trilogia Bourne, mas mantendo o charme que fez a fama do personagem: uma atração quase irresistível para as mulheres, o fino humor inglês, os gadgets tecnológicos (com toques realistas, é claro) e a paixão por carros tornados icônicos, graças à série. E desde que os produtores decidiram revitalizar o personagem, tornando-o mais próximo do século XXI, Skyfall acaba sendo o melhor filme. Aliás, arrisco-me a afirmar que este é o melhor 007 que já assisti. Todos os elementos característicos de Bond estão lá, mas Sam Mendes ainda acrescenta toda a dramaticidade e tensão presente nos seus filmes anteriores, especialmente Estrada Para Perdição. Isso não quer dizer que o diretor deixou de lado os detalhes que tornam 007 tão divertido. Estão lá as pequenas extravagâncias da série, como a ilha-fortaleza do vilão, os diálogos engraçadinhos e até os inofensivos flertes entre Bond e Moneypenny (Naomie Harris), finalmente de volta à franquia. Mas tudo isso vem envolto em uma ironia metafísica, como pouco (ou nunca) se viu antes. Em um certo momento, por exemplo, quando o novo Q (Ben Whishaw) entrega o equipamento de Bond e este constata que trata-se de somente uma pistola que só ele pode usar e um rádio, pergunta: "Só isso?" A resposta de Q: "O que você esperava, uma caneta explosiva? Não fazemos mais isso." Uma ironia que só poderia fazer bem ao filme.
Vamos à trama: Bond parte em uma missão para recuperar uma lista que contém os nomes de todos os agentes da OTAN infiltrados em organizações terroristas, mas acaba se deparando com um antigo agente do MI6, Silva (Javier Bardem, espetacular), desejoso de vingança contra M (Judi Dench). Para derrotar seu nêmese, 007 se defrontará com seu próprio passado, o que poderá pôr em risco o sucesso da missão.
Ao incluir elementos de origem no roteiro, Operação Skyfall traz um frescor inesperado - mas muito bem-vindo - à série, que nunca antes havia se dedicado a esclarecer fatos do passado de James Bond. Com isso, a franquia estabelece uma mitologia que vai além dos filmes de "uma-missão-só" que antes existiam. Como em uma boa e moderna série cinematográfica, cada filme anterior estabelece itens que podem aparecer mais ampliados em episódios futuros, tornando a história mais consistente.
Aí está a maior força de Skyfall: a capacidade de trazer novos fãs à jornada de James Bond, sem que os antigos fãs se sintam excluídos da diversão.

007 - Operação Skyfall (2012) on IMDb

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