Repórteres de Guerra

Nos anos 90, na África do Sul à beira do fim do Apartheid, o mundo conheceu um grupo de fotógrafos destemidos e completamente insanos que depois ficou conhecido como o Clube do Bang Bang. O apelido surgiu pelo fato de estes quatro fotógrafos de guerra terem registrado momentos cruciais da guerra civil surgida no país de uma maneira fora do comum, entrando na linha de fogo, infiltrando-se nos esconderijos dos dois lados do combate e sendo baleados, tudo para conseguirem boas fotos. 
Repórteres de Guerra (The Bang Bang Club, África do Sul/Canadá, 2010), do diretor Steven Silver, adapta o livro de João Silva e Greg Marinovich - dois membros do clube - de uma forma crua, quase documental, sem apelar para pieguices nem truques, e ainda assim capaz de emocionar.
Como não poderia deixar de ser, aliás. A câmera, quase sempre na mão, parece quase parte do combate, e a tensão está presente sempre que os protagonistas se aventuram em meio a tiros, tanques blindados e explosões e conseguem (quase sempre) sair ilesos. A trama tem início quando Greg Marinovich (Ryan Phillipe) ainda é um fotógrado freelancer novato que consegue entrar no esconderijo dos combatentes zulu e tirar um bom bocado de fotos e logo se junta a outros colegas, passando a trabalhar para o maior jornal sul-africano. A total falta de precaução faz com que os quatro fiquem famosos por suas fotos e o próprio Greg tira uma das fotos mais famosas de todos os tempos, na qual um combatente da CNA - partido favorável a Nelson Mandela - parte, com um facão, para cima de um zulu em chamas. O trabalho de Greg é premiado com um Pulitzer e a fama do grupo corre o mundo, atraindo a atenção de jornalistas de toda parte.
As duas fotos mais famosas do Clube do Bang Bang
O filme também é feliz em mostrar os dramas pessoais de alguns deles, especialmente a vida de Greg e Kevin Carter (Taylor Kitsch, de John Carter - Entre Dois Mundos), que também ganhou o Pulitzer, não por seu trabalho na África do Sul, mas no Sudão: trata-se da mundialmente conhecida foto de um urubu espreitando uma menina faminta em pleno deserto sudanês, esperando que ela morra para poder comê-la. A foto de Carter ajuda o filme a suscitar algumas perguntas sobre a verdadeira relevância do trabalho dos fotógrafos e até que ponto eles devem se manter isentos. A questão ética é abordada com muito equilíbrio, e a atuação do jovem elenco - que também inclui Malin Akerman (de Watchmen) - é sóbria e competente.
O fato é que é impossível manter-se imune a Repórteres de Guerra, pelo menos não diante de um quadro tão bem pintado de um período conturbado da história da humanidade.
Repórteres de Guerra (2010) on IMDb

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